65% concordam com idade mínima de aposentadoria, diz pesquisa Ibope

65% concordam com idade mínima de aposentadoria

Pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada na quarta-feira (18/05) revela que 65% dos entrevistados concordam com o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria pela Previdência Social. O levantamento foi realizado entre os dias 4 e 7 de dezembro de 2015 e ouviu 2.002 pessoas de 143 municípios brasileiros.

Questionado sobre a razão de o resultado da pesquisa ser divulgado apenas agora, o diretor de Politicas e Estratégia da CNI, José Augusto, afirmou que não havia recursos suficientes para realizar a divulgação da pesquisa logo após a coleta das informações.

Ele observou que o período das entrevistas coincidiu com as férias de fim de ano e que, depois, a entidade avaliou que não valia a pena divulgar os dados em um período de análise, pelo Congresso, do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Acrescentou, porém, que, em sua visão, a pesquisa é útil para o entendimento do problema da Previdência Social e “aponta uma tendência.”

Segundo o Ibope, somente 17% dos entrevistados disseram entender que essa idade mínima deve ser superior a 60 anos. Em fevereiro, o governo Dilma Rousseff informou que, atualmente, a idade média de aposentadoria no Brasil é de 58 anos, abaixo de todos os demais países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – cuja idade média de aposentadoria é de 64,2 anos.

“A população tem certas incoerências em sua avaliação. Percebe que há envelhecimento da população, mas na hora de responder com idade ideal [de se aposentar], ele começa a responder talvez olhando para as contas que ele faz para o seu próprio caso pessoal. É uma percepção gradual”, disse o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco.

Segundo a CNI, 75% dos entrevistados preferem mudanças nas regras de aposentadoria para garantir a sustentabilidade do regime, ao mesmo tempo em que 72% querem a equiparação de regras para todos os trabalhadores.

De acordo com o diretor da CNI, José Augusto, mudanças de regras para os trabalhadores que estão na ativa são “inevitáveis” em uma reforma da Previdência. “A questão é qual a regra de transição. Reforma da previdência, em qualquer pais do mundo, é complexa, difícil, e exige o uso do capital politico. Tem de ir para as mesas, as ruas, para mostrar poque aquilo é relevante. Elas normalmente ocorrem porque você não consegue fechar as contas e quer garantir a capacidade de pagamento da Previdência”, disse ele.

Acrescentou que, em alguns casos, pode-se dizer que a Grécia, que tem dificuldades para honrar o pagamento de benefícios previdenciários, “é aqui”. “Posso olhar o exemplo do estado do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul. A situação dramática dos aposentados destes estados. Todos pretendemos que, daqui a alguns anos, esse drama não seja dos brasileiros federais”, concluiu ele.

Reforma da Previdência
A equipe econômica do novo governo informou que pretende promover uma reforma na Previdência Social. Entre os pontos em discussão pelo presidente em exercício está a definição de uma idade mínima de aposentadoria.

“Haverá uma idade mínima de aposentadoria”, disse na semana passada o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

“Estamos estudando quais as regras de transição. Existem grupos com estudos bastante avançados sobre isso. […] O que precisa é uma determinação de governo. Vamos fazer. E apresentar uma proposta factível para sociedade. Idade mínima com uma regra de transição”, completou o titular da Fazenda.

No projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, enviada recentemente ao Congresso Nacional, o governo federal estima que o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado, continuará crescendo e atingirá, no ano que vem, a marca dos R$ 167,62 bilhões, um novo recorde. O valor do déficit equivalente a 2,47% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para 2016, a projeção é de um resultado negativo de R$ 133 bilhões, ou 2,14% do PIB. As estimativas foram feitas pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Pelos cálculos, o patamar de R$ 200 bilhões para o rombo da Previdência Social seria superado no ano de 2020.

Via g1.globo.com